Fundação Britânica de Beneficência comemora 75 anos de cuidados com os idosos

Inauguração da Stacey House no Jardim Prudência

Em outubro de 2022, a Fundação Britânica de Beneficência completou 75 anos de trabalho dedicado à causa do idoso. Neste artigo, conversamos com membros da comunidade, funcionários e amigos para falar sobre momentos marcantes da trajetória da instituição, nossa missão e desafios. Confira!

Stacey House: o início de tudo

A história da Fundação Britânica de Beneficência começa antes mesmo de sua instituição formal, em 1947, e se mescla com a história da British Society São Paulo. Em 1940, cidadãos britânicos residentes no estado de São Paulo elegeram um Community Council (Conselho da Comunidade) que, posteriormente foi rebatizado de British Society São Paulo, para promover os interesses dos veteranos de guerra da British Armed Forces durante a Segunda Guerra Mundial. Após o fim do conflito em 1945, a comunidade decidiu manter-se mobilizada para continuar com suas atividades e serviços sociais na capital paulistana.

Dois anos mais tarde, em 1947, Helen Stacey, cidadã britânica extremamente engajada, abriu as portas de sua casa no Jardim Prudência, Zona Sul de São Paulo, para prestar assistência a seus compatriotas em situação de vulnerabilidade, em sua maioria idosos. Nascia assim a Stacey House, local que, além de ser um aconchegante lar para os mais velhos, acabou se tornando um espaço de convivência e fortalecimento de toda a comunidade britânica em São Paulo. 

Rachel Govier, vice-presidente da Fundação, conta que começou a frequentar a casa ainda na infância. “Eu tinha parentes que moravam lá. Minha mãe me levava para conversar com os idosos e, quando meus filhos nasceram, eu os levava porque as bisavós deles moravam lá. Era muito bom. Sempre gostei de conversar com os idosos e ouvir suas histórias”, lembra Rachel. 

Sandra Pavani, supervisora financeira da Fundação há 22 anos também lembra com carinho dos anos em que frequentou a Stacey House. “Aquela casa tinha uma lareira e um sofá que eram muito convidativos para ficar batendo papo. Os idosos que moravam lá eram fantásticos”, relembra Sandra. “Parecia uma república de pessoas mais velhas. Os amigos sentavam juntos para conversar, jogavam cartas, era um clima muito bom”. 

Na sede da Fundação, uma caixa guarda dezenas de álbuns com fotografias dos eventos realizados na casa desde a sua inauguração. São almoços de domingo, aniversários, festas de Páscoa, Natal, Ano Novo, Carnaval. Registros de muito carinho e afeto entre os idosos, familiares, equipe e membros da comunidade.

Além de visitar parentes e participar de algumas festividades, a fisioterapeuta Penny Ahlgrimm prestou um grande serviço voluntário aos idosos dando aulas e práticas corporais semanalmente durante 28 anos. “Era muito prazeroso oferecer esse trabalho e acho que eles também sentiam um pouco disso, sempre me perguntavam quando seria a próxima aula”, lembra Penny. A generosidade e dedicação da fisioterapeuta foram reconhecidas não só pela comunidade, mas também pela rainha Elizabeth II. Em 2020, ela recebeu a medalha MBE (Member of the Most Excellent Order of the British Empire), condecoração dada a pessoas que realizam grandes trabalhos pelo povo britânico. 

Almoço com a comunidade

Mudança para ILPIs (Instituições de Longa Permanência para Idosos)

O imóvel onde funcionava a Stacey House foi um aconchegante lar para cerca de 130 idosos da comunidade durante quase 60 anos e o ponto de partida para a criação da Fundação Britânica de Beneficência. Mas, com o passar do tempo, o envelhecimento das pessoas foi demandando cada vez mais cuidados e as instalações da casa já não eram suficientes para atender os idosos adequadamente e de forma financeiramente sustentável. 

Por isso, em 2006, a diretoria da FBB decidiu encerrar as atividades da Stacey House e transferir os idosos para instituições de longa permanência, que já possuem funcionários e infraestrutura adequada para dar assistência 24 horas para seus residentes. Era o início do Programa Acolher

Derek Barnes, trustee da Fundação, lembra bem como foi este processo de transição. “O presidente da época me pediu para fazer um estudo da viabilidade econômica da Stacey House e comprovamos que manter como estava era inviável”, lembra Derek. “A transferência foi a melhor solução encontrada”. 

Grupo de idosas no jardim da Stacey House
Oficina de artesanato no CCI em Paraisópolis
Ampliação dos trabalhos

A mudança da Stacey House para ILPIs significou um ajuste no foco da instituição e culminou em ações que redefiniram suas diretrizes. A comunidade britânica percebeu que o trabalho da Fundação poderia ser expandido e que era o momento de retribuir à sociedade brasileira pela acolhida e cuidado que seus antepassados receberam no Brasil. Pensando nisso, foram criados outros programas e projetos que se dedicam à causa do idoso em geral, independentemente de sua origem. 

O Programa Multiplicar presta apoio a instituições idôneas que acolhem e cuidam de idosos em situação de grave vulnerabilidade desde 2009. A Fundação contribui com recursos financeiros e humanos nos lares Casa Madre Teodora dos Idosos e Lar Benção. Em outubro de 2018 foi criado o Centro de Convivência para os Idosos (CCI), projeto que oferece semanalmente uma programação de atividades gratuitas que favorecem o envelhecimento saudável como oficinas de memória, aulas de música, teatro, yoga, dança circular, entre outros. Os encontros começaram de forma presencial na sede da Cultura Inglesa no Butantã e passaram a ser online por conta da pandemia. O projeto hoje tem 100 idosos matriculados que, além dos aprendizados das oficinas, fortaleceram amizades e vínculos com a frequência nas atividades. E, desde agosto deste ano, o CCI passou a oferecer atividades semanais também na sede da Cultura Inglesa de Paraisópolis. 

O trabalho com a comunidade britânica também foi ampliado com a criação dos programas Cuidar e Amparar. O Programa Cuidar acompanha os idosos em consultas médicas e exames clínicos, fazendo um trabalho preventivo e dando assistência aos que precisam de ajuda nos cuidados com a saúde. “Disponibilizamos um acompanhante em hospital para ajudar as famílias quando um parente está internado. Ajudamos os idosos a marcar as consultas, lembramos eles dos agendamentos, acompanhamos a consulta e reportamos a família o que ouvimos dos médicos”, explica Rachel. “Também tentamos ao máximo manter os idosos em seus lares, mesmo que com a ajuda de cuidadores”. Já o Programa Amparar concede assistência a idosos mais vulneráveis para suprir necessidades básicas de alimentação, habitação, saúde e medicamentos. 

Todas essas transformações mostram o quanto o trabalho da FBB evoluiu, cresceu e se atualizou ao longo destes 75 anos. Mas existe algo que nunca mudou: o cuidado e o respeito com os mais velhos. E neste ano tão marcante para a história da instituição, toda a equipe e a direção têm se reunido para repensar a sua missão, seus projetos e formas de financiamento. Porque sabemos que podemos fazer muito mais e temos novos desafios pela frente, como, por exemplo, encontrar um novo espaço no Butantã para a retomada das atividades presenciais do CCI na região e financiamento para ampliar os serviços oferecidos. “Meu sonho é ter um grande centro que funcione diariamente e que realize atendimentos como assistência odontológica, instalação de aparelhos auditivos, entre outros. Espero também que possamos oferecer mais atividades aos idosos brasileiros”, completa a vice-presidente. Que a força do nosso compromisso com quem já fez tanto por nós nos ajude a chegar ainda mais longe nos próximos anos. 

Visita a instituição de idosos vulneráveis

Histórias marcantes

Os entrevistados para esse artigo contaram algumas histórias marcantes e curiosas que presenciaram durante estes 75 anos de FBB. Veja abaixo algumas delas. 

Tinha uma residente na Stacey House que um dia falou que queria fazer aulas de bateria e eu perguntei “a Sra. sempre quis fazer aulas de bateria e não teve oportunidade?”. E ela respondeu “não, é que à tarde esses velhotes ficam dormindo e fica muito silêncio aqui, então tocando a bateria eu agitaria um pouco esta casa”.

– Sandra Pavani

Comemoramos os 100 anos de uma residente, dona Gertrude Vigar, e me emocionei muito vendo a reação dela ao entrar no prédio onde fica o escritório da FBB e ver todos os seus parentes e amigos. Olhar o rosto dela transbordando de felicidade vivendo aquele momento foi lindo demais! E quando o príncipe Harry veio ao Brasil, ela foi convencida a conversar com ele num evento. O protocolo era de 5 minutos, mas ele a adorou e ficaram mais de 20 conversando. Ela tinha muito orgulho de contar essa história.

– Sandra Pavani

Na primeira vez que dei aula para os idosos na Stacey House, eu comecei dando movimentos sentada e depois pedi para todos ficarem de pé para continuar o movimento. E duas idosas caíram no chão porque perderam o equilíbrio. Foi o maior susto! Achei que nunca mais daria aula para eles. No entanto, ninguém se machucou, adaptei a aula para ter somente movimentos sentados e deu tudo certo.

– Penny Ahlgrimm

Quando eu organizava a Queen’s Birthday Party, conseguia doações grandes de queijos britânicos para servir aos convidados. E tinha uma senhora que, além de comer, quando ninguém estava olhando, ela colocava muitos queijos dentro de uma bolsa e os levava para casa. Era muito engraçado, ela adorava os queijos britânicos!

 – Derek Barnes. 

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